A importância de treinar bem seu time comercial (prático para pequenas empresas)
Se você é um pequeno empresário, talvez não tenha CRM caro, discador automático ou softwares de última geração. E está tudo bem: com método, treino e disciplina, dá para v
ender mais usando ferramentas simples como planilhas, WhatsApp, Google Drive e Google Meet. O segredo não é a ferramenta — é o treinamento: transformar o jeito de falar com o cliente, registrar oportunidades e revisar o que funcionou.
Grandes nomes já apontaram esse caminho. Peter Drucker dizia: “a cultura devora a estratégia no café da manhã” — cultura se treina todos os dias. Neil Rackham mostrou no SPIN Selling que fazer as perguntas certas vende mais do que falar sem parar. Aaron Ross, em Receita Previsível, provou que separar prospecção de fechamento (SDR e Closer) e treinar cadências gera pipeline estável. Brent Adamson & Matthew Dixon, em The Challenger Sale, defendem ensinar o cliente, personalizar e assumir o controle da conversa. Você não precisa de tudo isso de uma vez; precisa do que é essencial — bem treinado.
- Perfil ideal de SDR e Closer — papéis claros deixam o treino objetivo.
- Biblioteca de Vendas — roteiros e técnicas para aplicar hoje.
- Fundamentos de Funil — como medir os efeitos do treinamento.
Antes de tudo: o que significam esses termos?
Onboarding: período de entrada do vendedor (primeiros 30–90 dias) para aprender produto, público, roteiro de conversa e como registrar tudo. Pense como “treinamento de boas-vindas com metas semanais”.
Playbook: manual simples do seu jeito de vender: quem é o cliente ideal, perguntas para descobrir a dor, como marcar reunião, como responder objeções, quando fazer proposta e como fechar.
SDR: quem prospecta e marca reuniões qualificadas. Closer: quem conduz a reunião, apresenta a proposta e fecha.
Cadência: sequência de contatos (ex.: Dia 1 WhatsApp, Dia 2 e-mail, Dia 4 ligação…).
Discovery (descoberta): parte da conversa em que você faz perguntas para entender problema, urgência e orçamento.
Pipeline: a lista de oportunidades por estágio (novo lead, qualificação, proposta, fechamento).
Por que treinar? (especialmente quando faltam recursos)
- Evita desconto desnecessário: com técnica (como Challenger), o cliente entende valor e não só preço.
- Mais previsibilidade: com roteiro repetível, seus números deixam de ser “sorte” e viram processo.
- Menos rotatividade: pessoas com plano claro ficam mais seguras. O Gallup mostra que o desengajamento custa caro.
Programa de treinamento que cabe no bolso
1) Onboarding de 30–60–90 dias (modelo simples)
- 30 dias: aprender o básico. Entender proposta de valor, ICP (quem é seu cliente ideal), roteiro de perguntas (SPIN) e como usar a planilha do pipeline. Entrega: simulação gravada por celular + prova de 10 perguntas.
- 60 dias: prática com supervisão. Fazer 20–30 contatos por semana (WhatsApp/e-mail/ligação), registrar tudo na planilha e revisar 1 chamada por semana no Google Meet.
- 90 dias: dominar objeções e fechamento simples. Entrega: role-play de objeções “está caro/sem tempo/concorrente”, seguindo um roteiro único da empresa.
2) Playbook em 1 página (Google Docs)
Escreva em uma página: ICP, roteiro de perguntas (4–6), próximo passo padrão, como enviar proposta e o que fazer se o cliente sumir. Quanto menor e mais direto, mais o time usa.
3) Reunião semanal de coaching (45–60 min)
- Escolha 1 ligação ou conversa de WhatsApp por semana (pode ser gravada com o próprio celular) e analise com o time: o que funcionou, o que melhorar e qual teste fazer na semana.
- Mantenha uma biblioteca simples no Drive com os melhores trechos (1–2 minutos) para o time assistir.
4) Métricas na planilha
- Atividades/dia: quantos contatos realmente fez.
- Tempo de resposta: minutos entre o lead chegar e o primeiro contato.
- Reuniões marcadas e comparecimento (show rate).
- Taxa de ganho: propostas enviadas x fechamentos.
Fale menos, pergunte melhor (SPIN) e ensine valor (Challenger)
SPIN em 4 perguntas: Situação (como fazem hoje?), Problema (o que trava?), Implicação (quanto custa não mudar?) e Necessidade (o que mudaria se…?).
Challenger na prática: ensine algo novo (um erro comum ou uma visão diferente), personalize a recomendação para a realidade do cliente e conduza para a decisão com próximos passos claros.
Erros que travam pequenas empresas
- Treinamento como “evento” e não como agenda semanal.
- Playbook enorme que ninguém lê (faça em 1 página).
- Sem registro de conversas e sem revisão (aprendizado se perde).
- Confundir atividade com resultado (ligar muito ≠ vender; é ligar com método).
Plano executável (30–60–90) para começar agora
Dias 1–30
- Escreva o playbook em 1 página (Docs) + planilha do pipeline.
- Defina roteiro de 6 perguntas SPIN e um modelo de mensagem inicial (WhatsApp/e-mail).
- Agende a reunião semanal fixa de coaching (Meet).
Dias 31–60
- Faça 2 role-plays por semana (grave no celular e salve no Drive).
- Teste 2 versões de e-mail/WhatsApp e veja qual gera mais resposta.
- Revise gargalos do funil (ex.: muitos no “proposta” sem avançar → melhorar follow-up).
Dias 61–90
- Crie uma biblioteca de trechos (vídeos curtos) e um checklist de objeções.
- Certifique o time (simulação de objeções + revisão do playbook).
- Melhore o playbook (v2) com o que funcionou de verdade.
Referências e leituras recomendadas
- Neil Rackham — SPIN Selling (perguntas que vendem)
- Aaron Ross & Marylou Tyler — Receita Previsível (papéis e cadências)
- Brent Adamson & Matthew Dixon — The Challenger Sale (ensinar → personalizar → assumir controle)
- Peter Drucker — cultura e execução
- Harvard Business Review — gestão de vendas
- Gallup — custo do desengajamento
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